sexta-feira, 3 de julho de 2020

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O IMPACTO REAL DA COVID-19

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Mortes pela pandemia em Todo Brasil, causa impacto real em todas as empresas e micro - empresas. As mortes provocadas pela pandemia de Covid-19 cada dia que passa aumenta mais em todo Brasil, afetando todos.

Fonte: G1
Mesmo que nem todas tenham sido provocadas diretamente pelo vírus ou que muitas até tenham, mas tenham ficado escamoteadas pela falta de testes, é o total que representa o efeito mais relevante da pandemia nas estatísticas paulistanas. Não apenas as 277 comprovadamente resultantes de infecções ou as demais 258 suspeitas, casos de síndromes respiratórias. O total – as 743 – é o que os epidemiologistas costumam chamar de “excesso de mortalidade por todas as causas”, número que traduz não apenas a subnotificação nos casos oficiais, mas o impacto verdadeiro da Covid-19 na cidade (leia mais sobre a subnotificação aqui).
“Quando você tem uma pandemia, há uma alteração total dos relacionamentos de saúde e doença”, afirma Lotufo. “Uma característica especial deste vírus é um quadro mais grave para quem já tem, por exemplo, doença cardíaca. Essas pessoas iam viver por mais quatro, cinco, dez anos e acabam morrendo. Começa a haver competição pela atenção médica com outras doenças.”
Pouco importa se alguém morre de Covid-19 oficialmente, se seu caso é registrado apenas como pneumonia ou se bate o carro, sofre traumatismo craniano e não encontra vaga na UTI. “Mesmo que a razão imediata da morte seja outra, a causa de tudo não deixa de ser a Covid-19”, afirma Lotufo. Enquanto a atenção se volta para o combate ao vírus, cirurgias deixam de ser feitas, tumores deixam de ser extraídos, há queda na vacinação infantil, em programas de combate a tuberculose ou hanseníase e vários outros.
“No sistema de saúde, a pandemia afeta tanto a emergência quanto o longo prazo”, diz Lotufo. “Não é um outro problema que ela provoca. Este é o problema. Por isso costumamos dizer, em tom de brincadeira, que o grande epidemiologista acaba sendo o coveiro. É ele quem conhece a realidade toda.”
Em São Paulo, nenhum lugar está tão próximo dessa realidade quanto o PRO-AIM, que recebe todos os atestados de óbitos na cidade das funerárias, hospitais, casas de repouso ou cartórios. Em março, somando as 6.668 mortes por causas naturais às demais, a cidade registrou ao todo 7.007, ou 9% acima da média dos cinco anos anteriores (4.355 mortes registradas no sistema e 2.652 ainda não processadas). É um número chocante se lembrarmos que a primeira morte oficial por Covid-19 ocorreu apenas no dia 17 e que a quarentena reduziu a circulação na cidade, provocando uma queda de 58% nas mortes por acidentes e outras causas externas.
Até domingo passado, o abril paulistano já somava 5.612 mortes, 867 oficialmente atribuídas ao coronavírus e outras 1.277 a síndromes respiratórias. Só o número confirmado já faz da Covid-19, de longe, a principal causa de mortalidade na cidade, respondendo por 39% das declarações de óbito registradas ou 15% do total. As mortes estão pouco acima da média dos últimos cinco anos (5.575). Trata-se, contudo, de um número ainda provisório, ainda bem abaixo do que deverá ser o valor oficial. O procedimento meticuloso e detalhista do PRO-AIM envolve o processamento manual de todas as certidões de óbito. Só no início do mês seguinte o total passa a refletir a realidade. “As declarações de abril vêm impreterivelmente até 10 de maio”, afirma Cássia Malteze, gerente do PRO-AIM. “Até lá, o número fica bem abaixo do real.”
Será preciso também fazer ainda o ajuste relativo aos residentes de outras cidades que morrem em São Paulo – e vice-versa. Várias causas, como mortalidades infantil e materna, homicídios, suicídios ou acidentes, exigem investigação minuciosa. “Os dados entram no sistema com classificação genérica, depois são atualizados”, diz Roberto Tolosa Jr., chefe da Coordenação de Epidemiologia e Informação (Ceinfo), a que o PRO-AIM está subordinado. Certos casos podem se estender por meses. Só agora o PRO-AIM está prestes a concluir a classificação final das mortes por causas externas ocorridas em 2018.
Para a Covid-19, foi montado um esquema de emergência, em que hospitais e outras fontes enviam as informações digitalmente por e-mail. “Por determinação do Ministério da Saúde, esse dado precisa estar disponível em 24 horas, no máximo 48 horas”, afirma Cássia. Tolosa defende a adoção de um sistema digital mais sofisticado, para que haja agilidade nas estatísticas. Noutras cidades brasileiras, contudo, os sistemas são ainda mais deficientes. Daí a dificuldade de medir com rapidez a mortalidade por todas as causas, para poder entender melhor – e combater com eficácia – a pandemia.
Fonte: G1 – 28/04/2020
Por Helio Gurovitz

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